O governo do Rio Grande do Sul vai abrigar, provisoriamente, 3,7 mil pessoas em 5 centros de acolhimento em Canoas e Porto Alegre. Em São Leopoldo, 30 mil casas precisam ser recuperadas, e outras 3 mil construídas. Cidades do RS terão desafio de reconstruir bairros em áreas que não sofram alagamentos
Além de reconstruir cidades inteiras, os gaúchos vão precisar fazer com que elas sejam menos vulneráveis aos eventos climáticos extremos.
A enchente que arrancou parte de uma rua quase levou todas as casas. Mesmo assim, moradores dizem que não querem sair.
“Perigoso é, mas não tem outro lugar para ir. Não adianta, tem que ficar aí”, fala Luciano Melo Ramiro, desempregado.
Casas foram construídas bem em cima do dique, a barreira de proteção que deveria impedir que durante uma enchente o arroio transbordasse e atingissem outras residências. Mas como se vê, o arroio está a menos de 30 m das casas. Quando choveu demais em Porto Alegre, em fim de abril, início de maio, toda a região foi tomada por uma correnteza muito forte; centenas de casas foram destruídas.
O professor Jaime Gomes alerta que o governo não pode mais permitir a presença de moradores em áreas suscetíveis às cheias.
“Tem que ter um nível de proteção. Desde que o dique esteja inteiro, a outra parte vai ser segura para as populações em geral", diz Jaime Federici Gomes, professor de Engenharia Civil da PUC-RS.
O governo gaúcho vai abrigar, provisoriamente, 3,7 mil pessoas em cinco centros de acolhimento em Canoas e Porto Alegre. Em São Leopoldo, no Vale do Sinos, 30 mil casas precisam ser recuperadas, e outras 3 mil construídas. A prefeitura afirma que vai reocupar as áreas atingidas pela enchente.
“O problema não está onde as casas foram construídas. Está que a gente teve um volume excessivo de água e que a gente tem que se preparar a partir deste volume para proteger a nossa cidade”, afirma Nelson Spolaor, assessor especial da Prefeitura de São Leopoldo.
O professor Fernando Dornelles diz que os bairros podem até ser reconstruídos na mesma área, mas que São Leopoldo precisa reavaliar o sistema de diques que protegia a cidade. Parte dele se rompeu durante a enchente.
“Com o tempo, esses diques aí estão em cima de um solo mole. Ele começa a rebaixar, então a gente tem que ver se a cota dele se mantém ao longo do tempo e a gente tem que ver também se a estrutura dele não está começando a colapsar, tendo um princípio de algum deslizamento”, explica Fernando Dornelles, especialista IPH.
No Vale do Taquari, em Muçum, a prefeitura proibiu a reconstrução nas áreas que foram devastadas e em locais considerados de risco extremo.
Especialistas holandeses estão em Porto Alegre para repassar a experiência de séculos de investimentos em sistemas de proteção contra enchentes, já que boa parte do território do país fica abaixo do nível do mar.
Publicada por: RBSYS