Após show em Votorantim, no interior de SP, DJ conversou com o g1 sobre o primeiro álbum da carreira, que tem como foco a preservação da cultura originária, e sobre a mobilização para ajudar as vítimas dos temporais no sul. DJ Alok abriu a edição 2024 da Festa Junina de Votorantim (SP)
@danylomarttins
Não é só música. Para Alok, usar a arte para potencializar as vozes de quem não é ouvido é quase como uma missão. Um chamado, como ele mesmo definiu. Em entrevista ao g1 durante uma passagem pelo interior de São Paulo, o DJ falou sobre a produção do álbum "O Futuro é Ancestral", gravado em parceria com diferentes povos indígenas do Brasil, e aproveitou para pedir um reforço nas doações para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul.
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O artista se apresentou na abertura da edição 2024 da Festa Junina de Votorantim Viva+, na noite de quarta-feira (29), véspera de feriado de Corpus Christi, em um show que ficou marcado pelo repertório eclético, além dos já tradicionais lasers, drones coloridos e lança-chamas.
DJ Alok fez álbum em parceria com mais de 60 músicos indígenas
Reprodução
Logo após a apresentação, Alok, que nasceu em Goiânia (GO), mas passou a adolescência em Brasília (DF), conversou com a reportagem sobre os motivos que o levaram a produzir o seu primeiro álbum em 20 anos de carreira, tendo como inspirações a importância da música para a preservação da cultura originária e do meio ambiente.
"Eu tinha ido para a aldeia indígena Yawanawá em 2014, e tive uma reflexão muito forte lá. Em 2021, eu estava me perguntando para onde iria o futuro, e aí veio a resposta: o futuro é ancestral. Foi a primeira vez que eu fiz um álbum na minha carreira, porque foi a primeira vez que eu senti realmente uma inspiração para fazer algo", explicou.
"Foi tipo um chamado mesmo. Eu não sabia como ia ser feito, não sabia de todos os desafios que eu teria que enfrentar para fazer esse álbum, mas eu sabia que tinha que fazer. E foi muito incrível", continuou o DJ e produtor musical.
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Com prévia divulgada no Grammy Museum, em Los Angeles (Estados Unidos), em 25 de março, e lançamento oficial no Brasil no Dia dos Povos Indígenas (19 de abril), o álbum é resultado de mais de 500 horas de trabalho em estúdio entre o artista e mais de 60 músicos indígenas.
"Foram tipo 45 dias no estúdio, nas montanhas, com 12 aldeias diferentes. São povos do Brasil inteiro, do sul, centro-oeste, nordeste, norte, de todos os lugares", contou o artista, que uniu a música e os conhecimentos ancestrais das comunidades indígenas com as batidas pop no trabalho.
De acordo com Alok, a produção, que também tem sido bem recebida durante os shows dele no exterior, é formada por uma "mistura" que inclui hip-hop, eletrônica, pop e até reformulações de músicas mais tradicionais, de 500 anos atrás.
"Eu os deixei muito à vontade para poderem se expressar da maneira como eles gostariam. Cada um escolheu o que queria. Então, eu acho que ele é um álbum em que eu consegui trazer bem o que eles gostariam, que era traduzir o som da floresta. Foi uma mistura muito legal, e eu me orgulho muito desse trabalho."
O projeto "O Futuro é Ancestral" é reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como uma ação relevante para a "Década Internacional das Línguas Indígenas".
DJ Alok fez parceria com diferentes povos indígenas do Brasil
Reprodução
Mobilização pelo sul
Outra causa na qual Alok está envolvido desde o fim de abril é a mobilização para ajudar as vítimas dos temporais no sul do país. Em balanço divulgado na quarta-feira, quando o caso completou um mês, a Defesa Civil informou que 169 pessoas morreram, 44 seguem desaparecidas e 629,2 mil foram expulsas de casa.
Para o artista, embora a tragédia tenha criado uma corrente de solidariedade pelo Brasil afora, ainda há muito a ser feito pelos moradores das cidades gaúchas atingidas pelas enchentes.
"A questão da reconstrução do Rio Grande do Sul ainda vai levar tempo, mas as doações caíram drasticamente. Eu senti isso na última arrecadação. Foi muito baixa em relação ao que foi levantado no começo. Eu entendo, porque todo mundo já doou, já fez muita coisa, e eles querem ver agora a parada sendo mais materializada", comentou.
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No início de maio, Alok mobilizou um comboio com mais de 350 toneladas de alimentos, água, colchões, ração para animais e equipamentos de limpeza com destino ao Rio Grande do Sul. Na semana passada, o DJ também doou metade do cachê de R$ 680 mil de um show em Palmas (TO) para as vítimas das chuvas.
"A gente fez uma segunda fase de doações agora. Ainda não divulguei, mas acabamos de levar mais 600 toneladas. O ponto agora é entender quais são as necessidades do momento para fazer a terceira fase", explicou.
"Estou fazendo uma convocação a nível internacional também. Consegui alguns apoiadores legais de fora, e também o dólar está bom, cinco para um, então vai ajudar bastante. Também quero fazer uma rifa online. Eu acho que é uma forma de incentivar as pessoas a quererem doar e a continuar doando. Estamos tentando achar alternativas", completou.
Enchentes que assolam o Rio Grande do Sul completaram um mês
g1
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Publicada por: RBSYS