Maria Sil, de 32 anos, canta as vivências de uma mulher trans. Filha de um pai branco, que foi assassinado, e uma mulher negra, professora e ribeirinha. Ela lança seu primeiro álbum com músicas autorais que versam sobre os bastidores da própria vida, da violência no país, do preconceito, mas que também flerta com os sonhos e a esperança que tem em realizá-los. Baixada em Pauta: Maria Sil, cantora, é a convidada da semana
A cantora Maria Sil, de 32 anos, lança o álbum 'Grito, Beat e Poesia', o primeiro da carreira. As músicas autorais têm letras que carregam as dores vividas, relatos da violência do país, do preconceito, mas, ao mesmo tempo, traz faixas com mensagens de conforto e esperança.
✅Clique aqui para seguir o canal do g1 Santos no WhatsApp.
Mulher trans, ela falou sobre as dificuldades enfrentadas por ser quem é, mas ressaltou o desejo de mudar o cenário e as perspectivas. Portanto, enquanto não alcança alguns dos sonhos traçados, diz que os imagina e os vive em forma de letra e música.
"A gente está muito condenada, enquanto mulheres trans e travestis, a falar sobre desemprego e prostituição compulsória e a expectativa baixa de 34 anos. É tudo tão urgente que não dá tempo de sonhar, e eu não vou passar uma vida falando só de dor".
Maria Sil, cantora de São Vicente (SP), lança o primeiro álbum 'Grito, Beat & Poesia'
Arquivo pessoal
Embora a maioria dos cantores e interpretes se defina em um estilo musical, Maria não. Embora sempre tenha inclinado para a Música Popular Brasileira (MPB), ela não quer ser rotulada por uma só categoria. Prova disso é o álbum Grito, Beat & Poesia, que traz de tudo um pouco.
Segundo ela, as músicas precisam conversar com as letras, com os sentimentos que elas carregam. Uma das faixas Maria escreveu quando ainda tinha 15 anos, depois de visitar o Rio de Janeiro. A cantora estava em um dos morros em processo de 'pacificação', quando começaram os tiros. Para ela, não tem como encaixar a levada da MPB para contar tal história de violência, que se repete ainda hoje.
Mãe e inspiração
Maria Sil trabalha na divulgação do livro de poesias da mãe, Vani dos Santos, que morreu de covid-19 dias após selecionar os textos que seriam publicados
Arquivo pessoal
Ao mesmo tempo em que lança o primeiro álbum, Maria Sil também trabalha na divulgação do livro da mãe Vani dos Santos, que morreu aos 69 anos em decorrência da Covid-19 antes do projeto ficar pronto.
A cantora se emocionou ao falar da mãe, com quem teve o prazer de aprender a dar valor à vida, a estudar e se posicionar. Da professora de história e mulher ribeirinha citou diversas lembranças e o prazer que teve em escolher entre 600 poesias as que viriam a ser publicadas.
Vani ajudou em todo o processo e, inclusive, tomou conhecimento do nome do livro antes de morrer. "Trazer à tona o trabalho da minha mãe acho que é a maior forma de justiça que posso fazer à vida dela", disse ela, sobre a escrita profunda da mãe.
Maria Sil, cantora de São Vicente (SP), é a convidada da semana do Baixada em Pauta
g1 Santos
Você confere essa história e muitas outras no bate-papo no podcast ou videocast do Baixada em Pauta. O acesso pode ser feito nesta matéria, na home do g1 Santos, nos aplicativos de áudios favoritos ou pelo Facebook. Basta curtir as páginas e nos seguir!
O que são podcasts?
Um podcast é como se fosse um programa de rádio, mas não é: em vez de ter uma hora certa para ir ao ar, pode ser ouvido quando e onde a gente quiser. E em vez de sintonizar numa estação de rádio, a gente acha na internet. De graça.
Dá para escutar num site, numa plataforma de música ou num aplicativo só de podcast no celular, para ir ouvindo quando a gente preferir: no trânsito, lavando louça, na praia, na academia...
Os podcasts podem ser temáticos, contar uma história única, trazer debates ou simplesmente conversas sobre os mais diversos assuntos. É possível ouvir episódios avulsos ou assinar um podcast – de graça - e, assim, ser avisado sempre que um novo episódio for publicado.
Publicada por: RBSYS