Eles foram brutalmente assassinados no vale do Javari. Seus corpos desmembrados e enterrados na floresta só foram encontrados depois de 10 dias de buscas. Agora, viúvas tentam continuar legado. Fantástico retorna ao local onde Bruno e Dom foram assassinados na Amazônia
O Fantástico deste domingo (9) repercutiu os dois anos da morte do jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira. Eles foram brutalmente assassinados no vale do Javari. Seus corpos desmembrados e enterrados na floresta só foram encontrados depois de 10 dias de buscas.
Dom tinha ido conhecer o trabalho da equipe de vigilância indígena, treinada por Bruno para combater a invasão do território. Três pescadores ilegais foram presos pelo assassinato e esperam julgamento. 5 pessoas foram indiciadas por ocultação de cadáver.
Outro pescador - que foi a última pessoa com quem Bruno e Dom falaram antes de morrer, foi preso por tramar o crime. Ele seria também o responsável por planejar a morte do servidor da Funai Maxciel Pereira dos Santos, executado com dois tiros na cabeça em Tabatinga em 2019.
"O evento Bruno e Dom e o evento Maxciel nos permitiu conhecer um pouco mais e entender essa rede criminosa. Hoje nós temos um mapeamento muito mais preciso, relacionado aos crimes ambientais de pesca ilegal naquela região do Alto", diz Umberto Ramos Rodrigues, superintendente regional da PF no Amazonas.
A Polícia Federal descobriu que o mandante nos dois casos seria um peruano conhecido como Colômbia, que operava em uma balsa, no Peru. Colômbia era o financiador da pesca ilegal na terra indígena e, segundo a denúncia, mandava matar quem atrapalhasse o negócio criminoso.
"E agora andamos uma casa para investigar esclarecer todas as conexões que o Colômbia, têm com alguns atores naquela região do Alto Solimões", afirma o superintendente.
Protesto após desaparecimento de Bruno e Dom
Reuters/Ueslei Marcelino
Viúvas lutam para dar continuidade ao legado
Alessandra Sampaio conhecia a Amazônia dos relatos feitos pelo marido. Agora pisa a terra que ele percorreu. No vale do Javari, a viúva de Dom Phillips conheceu as tradições dos povos que compartilham o território.
Ela lançou o Instituto Dom Phillips, que vai se dedicar a projetos de educação sobre a Amazônia. A inspiração veio do último post de Dom nas redes sociais:
"Não vi uma outra maneira de sobreviver que não fosse fazendo um trabalho, levando o legado do dom, não ficar nessa paralisia, no lugar de frustração", relata.
O vale do Javari tem a maior concentração de indígenas isolados do planeta. Grupos que não mantém contato nem sequer com outros indígenas. A defesa deles era a principal motivação do trabalho de Bruno Pereira, como mostramos no documentário "Vale dos Isolados", disponível no Globoplay. Hoje essa tarefa no Ministério dos Povos Indígenas é da antropóloga Beatriz Matos, viúva do Bruno. Ela ajudou a eloborar um plano de proteção territorial que começa a ser implantado
"A gente vai estar plenamente satisfeito como família quando a gente entender que existe de fato segurança, que os indígenas, nossos amigos e companheiros não estão ameaçados, não só a punição dos executores", diz.
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Publicada por: RBSYS