Os Estados Unidos, a União Europeia e o Reino Unido consideram que Maduro fraudou a eleição e aumentaram as sanções contra integrantes do regime. Boicotado pela comunidade internacional, Maduro toma posse no 3º mandato
O ditador Nicolás Maduro tomou posse nesta sexta-feira (10) para um terceiro mandato na Venezuela.
As eleições aconteceram em 28 de julho de 2024. A oposição tinha como candidata a ex-deputada María Corina Machado. O nome dela foi vetado pelo Tribunal Supremo e o Conselho Nacional Eleitoral, controlados por Nicolás Maduro. O único nome permitido foi o de Edmundo González, um embaixador aposentado.
Os venezuelanos fizeram longas filas para votar, e as sondagens independentes apontavam a vitória da oposição. Durante a apuração dos votos, o site do Conselho Eleitoral saiu do ar. O governo declarou que havia sofrido um ataque hacker.
Já na madrugada, o conselho declarou que Nicolás Maduro venceu com 51,2% dos votos sem apresentar qualquer comprovação. Até hoje, União Europeia, Estados Unidos e países latino-americanos, incluindo o Brasil, cobram a divulgação dos documentos.
O resultado foi logo contestado pela oposição, que tinha direito a manter fiscais nas zonas eleitorais para garantir cópias de todas as atas de votação. A oposição reuniu e publicou em um site quase todas as atas que mostram a vitória de González com 70% dos votos.
No início de agosto, os Estados Unidos reconheceram a vitória de Edmundo González e foram seguidos por outros países, como Uruguai e Argentina. Em outubro, o Centro Carter analisou os documentos e declarou a vitória de González. Até agora, o Brasil não reconheceu a vitória de nenhum dos lados.
Nesta sexta-feira (10), Nicolás Maduro chegou ao Palácio Federal Legislativo para a posse do terceiro mandato. Ele assumiu em 2013, depois da morte do seu mentor Hugo Chávez.
"Esse novo período presidencial será um período de paz, prosperidade, igualdade e a nova democracia. Pela história, eu juro pela minha vida, e assim cumprirei e cumpriremos. Eu juro”, declarou.
Posse de Nicolás Maduro
Jornal Nacional/ Reprodução
No ato respaldado por chavistas, os ditadores de Cuba, Miguel Díaz-Canel, e da Nicarágua, Daniel Ortega, estavam presentes - duas ditaduras aliadas a Maduro. Rússia, China, Bolívia e Honduras reconhecem Maduro como vitorioso da eleição e mandaram representantes. México, Colômbia e Brasil não reconhecem a eleição de Maduro e nem do opositor, Edmundo González; cobram as atas das urnas, que Maduro não apresentou. Ainda assim, mandaram seus embaixadores para a posse.
Ausência total de representantes de nove países: Argentina, Estados Unidos, Uruguai, Peru, Paraguai, Costa Rica, Panamá, República Dominicana, Chile, além da União Europeia. Todos eles afirmam que Maduro fraudou a eleição. Alguns foram além, reconhecendo que o presidente eleito é Edmundo González.
Recompensa por captura e sanções econômicas: as reações à posse de Maduro após eleição contestada
González está exilado na Espanha desde setembro para evitar a prisão. Ele é acusado pela ditadura de Nicolás Maduro de usurpação, falsificação e ligação com terrorismo.
Na última semana, González passou pelos Estados Unidos, Argentina, Uruguai, Panamá e República Dominicana em busca de apoio. Na quinta-feira (9), González entregou para o governo do Panamá a custódia das verdadeiras atas das eleições que lhe deram vitória. Ficarão nos cofres do Banco Nacional panamenho. Ele pretendia desembarcar nesta sexta-feira (10) em Caracas para tomar posse, mas mudou a estratégia.
A líder da oposição, María Corina Machado, reapareceu em uma manifestação na quinta-feira (9) depois de meses. Chegou a ser detida e, horas depois, foi solta. Nesta sexta-feira (10), ela fez uma live. Disse que foi intimidada violentamente pela polícia de Maduro e que não seria conveniente que González entrasse nesta sexta-feira (10) na Venezuela para assumir o mandato em cerimônia paralela.
"Maduro não poderá governar pela força uma Venezuela que decidiu ser livre. Hoje, peço a todos os venezuelanos que exerçam vigorosamente o seu direito de protestar. Maduro consolidou o golpe de Estado e a violação da nossa Constituição. É hora de fazer o que for preciso para restaurá-la”, afirmou María Corina Machado.
María Corina Machado, líder da oposição na Venezuela
Jornal Nacional/ Reprodução
Edmundo González também fez um pronunciamento nesta sexta-feira (10). Repetiu que Maduro deu um golpe de Estado e que se coroou como ditador. González disse que continuará trabalhando para entrar na Venezuela e assumir o mandato, como previsto na Constituição e como ordenado pelo povo venezuelano.
Os governos que contestam a vitória do ditador Maduro reforçaram críticas e sanções. Os Estados Unidos aumentaram o valor da recompensa de US$ 45 milhões para US$ 65 milhões por informações que levem à captura de Nicolás Maduro, do ministro do Interior, Diosdado Cabello, o número dois do regime, e o ministro da Defesa das Forças Armadas, Vladimir Padrino López. Os Estados Unidos também impuseram nesta sexta-feira (10) sanções a mais oito autoridades venezuelanas.
A União Europeia seguiu um caminho parecido: sanções contra 15 integrantes do Conselho Eleitoral da Venezuela. Ao todo, a União Europeia já aplicou sanções a 69 chavistas.
O Reino Unido incluiu na lista de sanções mais 15 pessoas ligadas ao regime de Maduro por violação dos direitos humanos e por terem minado a democracia e o Estado de Direito na Venezuela.
O vice-presidente Geraldo Alckmin classificou como lamentável a posse de Maduro. Reafirmou que o governo brasileiro não reconheceu o resultado das eleições e disse: "A democracia é civilizatória e precisa ser fortalecida. As ditaduras suprimem a liberdade".
O presidente Lula conversou nesta sexta-feira (10) com o presidente francês, Emmanuel Macron, sobre a situação da Venezuela. Um comunicado da presidência da França informou que os dois pediram a Nicolás Maduro que retome o diálogo com a oposição e que França e Brasil estão dispostos a facilitar o comércio com a Venezuela. Segundo o comunicado, isso pode permitir o retorno da democracia e da estabilidade no país.
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Publicada por: RBSYS