Novos mandados de busca e apreensão foram cumpridos, na manhã desta sexta-feira (31), pela Polícia Civil do Amazonas. Na quinta (30), a mãe, o irmão e uma ex-funcionária de Didja Cardoso foram presos suspeitos de liderarem um grupo que forçava o uso da droga em rituais. Em novas buscas, polícia apreende ketamina, ampolas e seringas em salões de beleza da família da ex-sinhazinha
Karla Melo/Rede Amazônica
Em novas buscas, a Polícia Civil do Amazonas apreendeu ketamina, ampolas e seringas em salões de beleza da família da ex-sinhazinha do Boi Garantido, Didja Cardoso. Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos, na manhã desta sexta-feira (31), após as prisões da mãe, irmão e de uma funcionária da ex-sinhazinha que foi achada morta em Manaus.
O trio foi preso, na tarde de quinta-feira (30), enquanto tentavam fugir da polícia. Eles foram localizados na casa onde Djidja foi encontrada morta, no bairro Cidade Nova, Zona Norte. O trio é suspeito dos crimes de tráfico de drogas, associação ao tráfico e também pelo crime de estupro, em nome do irmão de Djidja.
???? Participe do canal do g1 AM no WhatsApp
Segundo informações da polícia, os mandados de busca e apreensão cumpridos nesta sexta (31) foram feitos no salões da rede "Belle Femme", situados no conjunto Vieiralves e no bairro Parque 10 de Novembro. A polícia também foi até uma clínica veterinária, na Zona Oeste, que supostamente, fazia a venda da droga ketamina, sem a observância das exigências legais e retenção de receituário.
Além de frascos de ketamina, ampolas e seringas, a equipe policial apreendeu ainda documentos, celulares e computadores.
Buscas em salões de beleza da família da ex-sinhazinha
Divulgação/PC-AM
Até a manhã desta sexta (31), estão presos Cleusimar e Ademar Cardoso, mãe e irmão da ex-sinhazinha, e Verônica da Costa, gerente da rede de salões de beleza, além de Claudiele Santos da Silva, que trabalhava como maquiadora no salão da família.
Marlisson Vasconcelos Dantas, o quinto investigado, que atuava como cabeleireiro da rede Belle Femme , já é considerado foragido e está sendo procurado.
Mãe e o irmão da ex-sinhazinha do Garantido são presos em Manaus
Prisões
Na quarta-feira (29), a Justiça do Amazonas expediu cinco mandados de prisão preventiva. Já na tarde de quinta (30), Cleusimar e Ademar Cardoso, mãe e irmão da ex-sinhazinha, e Verônica da Costa, gerente da rede do "Belle Femme," que pertence à família, foram presos sob efeito de drogas enquanto tentavam fugir. Os três foram encontrados na casa onde a Djidja foi encontrada morta.
Na residência, a polícia apreendeu materiais como seringas, anestésicos, medicamentos de uso controlado e frascos de ketamina. Além de computadores e uma mala que devem ser periciados.
Os três presos foram levados para o 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP), mas não foram ouvidos durante a noite.
Horas depois, Claudiele Santos da Silva, que trabalhava como maquiadora no salão da família, se entregou na sede do 1º DIP, acompanhada de um advogado. Ela é investigada com base nos artigos 131 e 284 da Lei 2848, que fala sobre a prática de transmitir doenças por meio de material contaminado e também prescrever, ministrar ou aplicar qualquer substância.
Os quatros suspeitos devem passar por audiência de custódia na manhã desta sexta (31), segundo a polícia.
Como atuava o grupo
Djidja, a mãe Cleusimar Cardoso e o irmão, Ademar Cardoso.
Arquivo Pessoal
De acordo com informações apuradas pela Rede Amazônica, a polícia identificou a existência do grupo "Pai, Mãe, Vida", que classificou como seita, e que promovia o uso e comercialização de ketamina, em Manaus. A substância (também escrita como cetamina ou quetamina) é um anestésico de uso humano e veterinário que se tornou uma droga ilícita na década de 1980.
O grupo também fazia aplicação forçada da substância em integrantes e obrigavam os funcionários de uma das unidades do Belle Femme a participar da doutrina.
A ketamina é considerada um anestésico dissociativo, isto é, que causa efeitos alucinógenos, sensação de bem-estar e tem potencial sedativo quando usado como droga recreativa. Em doses menores, quem consome a substância pode se sentir eufórico e ter episódios de sinestesia – ou seja, "ver" sons e "ouvir" cores.
As investigações indicam, ainda, que algumas vítimas do grupo foram submetidas a violência sexual e aborto.
Drogas apreendidas com a família de Djidja Cardoso, em Manaus
Catiane Moura, da Rede Amazônica
Conforme a apuração feita pela Rede Amazônica, a mãe e irmão de Djidja administravam a rede de salões de beleza, que era utilizada como ponto de distribuição de ketamina. Os dois tinham a ajuda de Verônica, Marlisson e Claudiele, que são apontados como responsáveis pela compra, distribuição e aplicação da substância entre os membros da organização e vítimas.
LEIA TAMBÉM
Ketamina: entenda anestésico que tem histórico de uso como droga ilícita
Antes de morrer, Djidja Cardoso, ex-sinhazinha do Boi Garantido, revelou luta contra depressão
A ex-sinhazinha também era alvo da investigação e com a repercussão da morte dela a Polícia Civil desencadeou a operação para prender os outros suspeitos de envolvimento na organização criminosa.
Morte de Didja Cardoso
Djidja foi encontrada morta por volta das 6h de terça (28). O corpo passou por exame no Instituto Médico Legal (IML).
"No momento, a causa da morte ainda não foi determinada e só poderá ser confirmada após a realização do exame necroscópico. As investigações em torno do caso estão em andamento, e, por isso, mais informações não podem ser divulgadas", informou a Polícia Civil, em nota.
Após a morte de Djidja, viralizaram nas redes sociais comentários que diziam que a mãe, o irmão e outros funcionários do salão costumavam usar drogas na casa onde ela foi encontrada morta.
Uma familiar chegou a fazer uma publicação em uma rede social onde dizia que a casa onde a família morava teria se tornado uma "cracolândia", além de que já teriam tentado internar Djidja, mas eram impedidos pela mãe dela.
Djidja revelou que lutava contra depressão
Djidja Cardoso, ex-sinhazinha do Garantido, achada morta em Manaus
Redes sociais
Dilemar Cardoso Carlos da Silva, que era conhecida como Djidja Cardoso, tinha 32 anos. Entre 2016 e 2020, ela encantou os torcedores do Garantido ao representar a sinhazinha da fazenda, personagem filha do dono da fazenda, que representa a história branca no espetáculo do boi no Festival Folclórico de Parintins.
Após se aposentar como sinhazinha, ela passou a trabalhar ao lado da família no comando de uma rede de salão de beleza no Amazonas.
Meses antes de morrer, ela revelou, por meio de postagens em redes sociais, que lutava contra a depressão.
Boi Garantido, familiares e amigos prestaram últimas homenagens à Dijdja Cardoso
Publicada por: RBSYS