Reportagem do RJ2 pegou uma corrida para a Ilha do Governador e ouviu relatos sobre os riscos de quem trabalha no bairro. Motoristas priorizam áreas que possam facilitar o retorno com passageiros. Na quinta, mais de 20 motoristas de aplicativo foram feitos reféns por criminosos. Áreas de risco se multiplicam na Ilha do Governador para motoristas de aplicativo
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Os motoristas de aplicativo que rodam no Rio de Janeiro estão evitando aceitar corridas com destino a Ilha do Governador, na Zona Norte da cidade. Aplicativos como Uber e 99 passaram a identificar mais áreas de risco no bairro.
Segundo motoristas, a falta de segurança para trabalhar na Ilha do Governador já é antiga, mas a situação ficou mais grave nos últimos dias. Na quinta-feira (30), mais de 20 motoristas de aplicativo foram atraídos para falsas corridas e feitos reféns por criminosos do bairro.
De acordo com testemunhas, eles só foram liberados depois que fizeram pagamentos em dinheiro e PIX para os criminosos.
Áreas de risco se multiplicam
Motoristas de aplicativo informaram ao RJ2 que nos últimos meses regiões nobres da Ilha do Governador passaram a aparecer como áreas de risco nas plataformas de transporte.
Um dos exemplos é a Rua Haroldo Lobo, no sub-bairro Portuguesa, uma região residencial, de prédios e casas, na Ilha do Governador. Para o aplicativo, essa é uma área de risco.
O alerta também aparece para o motorista que recebe um pedido de corrida para a Rua Ailton Vasconcelos, no Jardim Guanabara, bairro de classe média alta da Ilha do Governador.
A distância entre as duas ruas citadas é de cerca de 7 quilômetros. O Hospital Municipal Evandro Freire fica no caminho entre um ponto e outro.
Áreas de risco se multiplicam na Ilha do Governador para motoristas de aplicativo
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Ainda no Jardim Guanabara, uma confeitaria tradicional também passou a ser indicada como área de risco. Até mesmo a Estrada do Galeão, única entrada e saída da Ilha do Governador tem área de risco indicada por um aplicativo.
Já a chegada e saída Aeroporto Internacional Tom Jobim aparecem sem restrições. Todos esses pedidos de corrida foram feitos na noite de segunda-feira (3).
Estrada do Galeão, única entrada e saída da Ilha do Governador tem área de risco indicada por um aplicativo.
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Motoristas buscam corridas com retorno garantido
A equipe do RJ2 decidiu pedir um carro de aplicativo para realizar uma viagem do Jardim Botânico, na Zona Sul, e o endereço de uma policlínica no bairro Cacuia, na Ilha do Governador.
O primeiro motorista que aceitou a corrida mudou de ideia em dois minutos e cancelou a viagem. Um segundo motorista também cancelou.
Mais de 20 motoristas de aplicativo são atraídos para falsas corridas e feitos reféns na Ilha do Governador
Depois de alguns minutos tentando, um motorista finalmente aceitou a corrida e não cancelou até chegar ao local do embarque.
No carro, o motorista revelou que só aceita corrida para a Ilha do Governador se tiver um retorno garantido, seja com o mesmo passageiro ou em um local onde a volta seja quase certa, como o Aeroporto do Galeão.
Segundo o motorista, a circulação de motoristas de aplicativo na Ilha do Governador só é tranquila até a região do aeroporto.
"A chegada até que tudo bem. Até o aeroporto ali, você consegue circular. Mas assim chegando na Ilha lá, tem certos lugares que estão bem complicados".
"Os bandidos estão pegando a gente e cobrando R$ 600 se não for morador da Ilha. E R$ 400 para quem é morador da Ilha. Está muito complicado de trabalhar lá. E isso aí está afastando todo mundo de ir para lá. Eu vou nessa condição: de ida e volta com o passageiro", comentou o motorista.
O que diz o secretário de segurança
Questionado sobre a falta de segurança para os motoristas de aplicativo que rodam na Ilha do Governador, o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor Santos, disse que as forças de segurança seguem atuando para devolver as áreas dominadas à população.
"A questão de tomada de território é uma realidade que não vem só da ação de ontem ou de hoje. Diariamente a Polícia Militar tem feito operações de retirada de barricadas. Isso com intenção única e exclusiva de devolver aquela população o direito de ir e vir e o direito desses serviços chegarem até a comunidade. Isso tem sido feito diariamente", pontou.
"Esse fato que aconteceu com o Uber não foi a primeira vez. No momento anterior a polícia já atuou, identificou quadrilhas, representou pela prisão desses criminosos e agora mais uma vez o fato ocorreu e mais uma vez a polícia atuou no intuito de identificar essas pessoas e hoje saiu o mandado de prisão das pessoas identificadas".
"A operação para prender esses criminosos é específica e conta não só com a Polícia Civil, mas também com a Polícia Militar".
Publicada por: RBSYS