Advogada negociou rendição da psicóloga por mais de 12 horas nesta terça (4). Ela é suspeita de dar o doce envenenado para o empresário Luiz Marcelo Ormond. Suspeita de matar namorado com brigadeirão envenenado é transferida para a prisão
A psicóloga Júlia Andrade Carthemol, presa por suspeita de matar o namorado com um brigadeirão envenenado na Zona Norte do Rio foi transferida, no fim da manhã desta quarta-feira (5), para a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte do Rio.
Júlia se entregou à polícia no fim da noite de terça (4). Ela é suspeita de dar o doce envenenado para o empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond.
Em depoimento, Carla Cathermol, mãe de Júlia, declarou à polícia que a filha lhe disse que “fez uma besteira obrigada por Suyany” — mulher que se apresenta como cigana, que também está presa. Suyany afirma ter R$ 600 mil a receber de Júlia por “trabalhos espirituais de limpeza”.
Júlia Andrade Carthemol na saída da delegacia onde estava presa
Rafael Nascimento/ g1
Uma nota da defesa de Júlia divulgada nesta quarta-feira (5) propõe “um olhar mais apurado” na “questão da religiosidade”.
Desde o dia 29 do mês passado, Suyany Breschak, que se apresenta como cigana, foi presa por suspeita de participação no crime. Em depoimento, ela disse que atuava como mentora espiritual de Júlia e que realizava trabalhos de limpeza para que familiares e os namorados não descobrissem que ela era garota de programa.
O g1 teve acesso aos depoimentos de Carla e de Marino Bastos Leandro, padrasto de Júlia. Eles foram conduzidos para a 25ª DP (Engenho Novo) depois que não compareceram espontaneamente para prestar esclarecimentos.
Investigadores chegaram a procurar por Júlia em endereços de várias cidades do Estado do Rio de Janeiro, como Maricá, Araruama e Cabo Frio.
A mulher, porém, estava mais perto do que se imaginava. A psicóloga estava escondida em Santa Teresa, na região central da capital fluminense. Ela era procurada pela polícia desde o dia 28 de maio, quando foi expedido o mandado de prisão.
Suspeita de dar brigadeirão envenenado a empresário se entrega em delegacia do Rio
Após 12 horas de negociação, Júlia entrou na 25ª DP com a cabeça baixa, de capuz cinza e máscara no rosto. Ela não falou com os jornalistas. A mulher estava acompanhada da advogada Hortência Menezes e do delegado Marcos André Buss. O encontro foi negociado com a polícia, enquanto a mãe e o padrasto de Júlia prestavam depoimento na distrital.
Júlia se entregou à polícia e foi presa pouco depois das 23h. Um vídeo mostra o momento em que ela chega à 25ª Delegacia de Polícia do Rio de Janeiro.
Suspeita de matar namorado envenenado com brigadeirão se entrega no Rio
Júlia prestou depoimento na delegacia no dia 22 de maio. No dia , o delegado responsável pelo caso disse que ainda não havia base legal para prendê-la.
Ainda nesta terça, prestaram depoimento também a mãe e o padrasto de Júlia, Carla Cathermol e Marino Leandro. Eles chegaram à 25ª DP para depor pouco depois das 19h. Os dois foram ouvidos em salas separadas.
Júlia se apresentou na delegacia com capuz e máscara
Leslie Leitão/TV Globo
O caso
O corpo de Luiz foi encontrado por bombeiros no dia 20 de maio, em estado de decomposição avançado, no apartamento onde morava no Engenho Novo, na Zona Norte. O cheiro chamou a atenção de vizinhos, que acionaram o socorro.
Para a polícia, Júlia, namorada de Luiz, é a principal suspeita de cometer o crime para ficar com os bens da vítima. Os dois viviam juntos há um mês.
"A motivação é econômica. Nós temos elementos que a Júlia estava em processo de formalização de uma união estável com a vítima. Mas, em determinado momento, o que nos parece, é que a vítima desistiu da formalização da união", disse o delegado Marcos Buss, titular da 25ª DP.
"Isso até robustece a hipótese de homicídio e não de um latrocínio, puro e simples, porque o plano inicial me parecia ser realmente eliminar a vítima depois que essa união estável estivesse formalizada", analisou o delegado.
Mãe e padrasto de suspeita de matar empresário são ouvidos pela polícia
Receita para comprar remédio
Na segunda-feira (3), um funcionário de uma farmácia afirmou em depoimento à polícia que Júlia apresentou uma receita médica para comprar o remédio Dimorf, um medicamento à base de morfina.
A suspeita é que o medicamento, comprado no dia 6 de maio, tenha sido usado no brigadeirão que o empresário comeu. A polícia suspeita que Luiz tenha morrido no dia 17, três dias antes de o corpo ter sido achado.
No depoimento, o funcionário afirmou que viu Júlia sair de um carro alto, prata, pelo banco do carona, antes da compra. Os representantes da farmácia apresentaram um documento interno que comprova a compra de R$ 158 pelo medicamento. Eles prometeram levar a receita à delegacia em uma próxima oportunidade.
Um homem que se dizia o atual namorado de Júlia também foi ouvido. Ele entrou rapidamente no local e não quis falar com a imprensa.
A Polícia Civil também pediu medidas cautelares para detectar as movimentações financeiras de Júlia.
A polícia destaca que alguns bens de Luiz Marcelo já foram recuperados. "Já recuperamos alguns bens da vítima, o automóvel da vítima, devo me preocupar com a localização dessas armas, que podem ou não estar na posse da Júlia", destacou o delegado.
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Presa suspeita de participação no crime
Para a polícia, Suyany Breschak, mulher que se apresenta como cigana e que está presa, já sabia do planejamento do crime antes da morte do empresário, e teria se beneficiado posteriormente.
"Há elementos que indicam que a Suyany foi a destinatária de todos os bens do empresário após a morte dele", afirmou o delegado.
Em depoimento, Suyany disse que Júlia possuía uma dívida com ela de R$ 600 mil.
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Publicada por: RBSYS