A pesca é uma das principais atividades econômicas das cidades ao sul da Lagoa dos Patos. A região fornece, em média, 30% de todo camarão da espécie rosa consumido no Brasil - cerca de 16 mil toneladas por ano. Safra de camarão está comprometida no sul do RS
Entre as consequências das enchentes para a economia gaúcha, a safra de camarão no sul do estado foi toda comprometida.
A pesca é uma das principais atividades econômicas das cidades ao sul da Lagoa dos Patos. A região fornece, em média, 30% de todo camarão da espécie rosa consumido no Brasil - cerca de 16 mil toneladas por ano. Só que os barcos estão ancorados.
Repórter: Quantas toneladas de camarão o senhor produz?
Higino Vieira, pescador: Em média de 4 a 5 toneladas por safra.
Repórter: E este ano?
Higino: Este ano não teve nada. Não teve nada de pesca para nós, e estamos aí parado.
A pesca do camarão começa em fevereiro e vai até maio. Mas, em 2024, não teve pesca porque as enchentes provocaram um excesso de água doce na Lagoa dos Patos, que é um estuário de desenvolvimento das larvas que precisam da entrada de água salgada para fazerem o caminho do mar até lá. Sem larvas, sem camarão.
Este é o segundo ano seguido de crise para o setor no estado que já enfrentava problemas climáticos. A lagoa já estava cheia desde 2023.
“O impacto é grande porque, na verdade, a gente já vem desde o ano passado após aquele ciclone extratropical que a gente teve aqui na Lagoa dos Patos e acabou atrasando a safra. Não tivemos safra de camarão”, afirma Sergio de Andrade, da Colônia de Pescadores Artesanais de Pelotas.
A associação que representa 23 prefeituras da região estima um prejuízo milionário.
"Nós pescamos aqui mais de 16 mil toneladas de camarão ao custo médio de R$ 10 o quilo do camarão, digamos assim. São quase R$ 200 milhões de prejuízos que tem a região, especialmente o pescador que depende da pesca do camarão”, diz Bercilio Luiz da Silva, secretário de pesca de Rio Grande e membro da AASIL.
A rede do barco do pescador Flaidali Vitaca Santana não foi usada em 2024. Está parada como os quase 4 mil pescadores que movimentam uma grande cadeia produtiva.
“A gente gera renda para o pessoal que trabalha com o peixe, que faz o filé, que vai para banca, quem vende, quem transporta. Então, a gente gera bastante emprego através da embarcação, através do pescado. É tristeza. Família de quem trabalha conosco sem ganhar também junto conosco. Então é triste”, lamenta.
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Publicada por: RBSYS