Menino de sete anos morreu na sexta-feira (7) na Santa Casa de Lagoa Santa. Ele comeu comida de cachorro. Fachada do Instituto Médico Legal (IML), em Belo Horizonte (imagem ilustrativa)
Carlos Eduardo Alvim/TV Globo
Três dias após morrer sob suspeita de desnutrição em Lagoa Santa, na Grande BH, o corpo de uma criança de sete anos ainda está no Instituto Médico Legal (IML), em Belo Horizonte, nesta segunda-feira (10).
Em nota, a Polícia Civil informou "que o corpo da vítima foi submetido ao exame de necropsia e aguarda a retirada pelos familiares".
LEIA TAMBÉM:
Criança que morreu sob suspeita de desnutrição chegou a se alimentar de comida de cachorro
Criança morre com suspeita de desnutrição na Grande BH; 'pele e osso', diz polícia
Comida de cachorro
A criança teria passado seis dias sem se alimentar nas últimas semanas e chegou a ingerido comida de cachorro. As informações foram passadas à polícia.
O menino deu entrada na Santa Casa de Lagoa Santa na última sexta-feira (7) em situação de "pele e osso". A mãe, de 27 anos, e o padrasto, de 19, foram presos em flagrante pela Polícia Civil, por maus tratos com agravante de ser menor de 14 anos com resultado em morte.
A criança morava com o casal e, à polícia, o padrasto confessou que deixava o menino sem comer por dias como castigo, porque ele "se alimentava demais", "que a comida era pouca" e "que não sobrava para as outras crianças". Contou que não o levou para o hospital por medo de ser preso.
A mãe disse aos policiais que "não gosta de falar sobre o caso" e disse, sem dar detalhes, que já viu o menino se alimentando de comida de cachorro.
Um vizinho contou à polícia que ficou um tempo com a vítima e com os outros três filhos da mulher e que estavam todos muito magros.
Disse que chegou a procurar o padrasto, dizendo que iria levar a criança que morreu ao hospital, porque a situação dele era pior. O homem respondeu pedindo que não fizesse isso, porque "o menino era alérgico" e que estava sendo bem tratado.
Morte de criança é investigada em Lagoa Santa
Criança parecia estar traumatizada
No último dia 22, ainda segundo o depoimento do vizinho, o padrasto disse que o menino estava há seis dias sem comer, que estava vomitando e tomando remédio. A testemunha disse que orientou levar o menino à escola, porque lá iria comer; entretanto, o homem respondeu que ele não se alimentava porque estava doente.
O vizinho ainda disse que a criança que morreu estava muito fraca e que, com muito esforço, a ouviu dizendo que estava com medo de ficar de castigo de novo, porque "havia comido muito e que precisava vomitar".
O vizinho tentou tranquilizá-lo, mas que o menino repetia que estava com medo, aparentando estar traumatizado.
Depois disso, o vizinho disse que recebeu uma mensagem do telefone da mãe pedindo para que os filhos dela voltassem para casa. Ele não sabia se a remetente realmente era a mulher ou se era o padrasto, com o aparelho dela. A testemunha completou dizendo que, enquanto as crianças estavam com ele, todos se alimentaram e foram para a escola.
O vizinho detalhou que, ao dar banho, conseguia ver a veias, costelas e o coração da criança palpitando. Disse que souberam por meio de outros vizinhos que ele havia morrido.
Vídeos mais assistidos do g1 Minas
Publicada por: RBSYS